Tendinopatia proximal dos isquiotibiais: Por que acontece e como tratar com segurança!
- marchionifisio
- há 6 dias
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A tendinopatia proximal dos isquiotibiais é uma condição comum em pessoas ativas, especialmente corredores, praticantes de esportes com arrancadas e mudanças de direção, ou até mesmo quem realiza exercícios com grande amplitude de movimento.

Trata-se de uma dor persistente na região do glúteo, mais especificamente no ponto onde os músculos isquiotibiais (parte posterior da coxa) se inserem no osso do quadril — o ísquio.

Essa dor está geralmente associada a uma perda de função e incômodo durante atividades que envolvem carga mecânica significativa no tendão, como corrida em subida, sprints, agachamentos profundos, avanços ou até mesmo ao permanecer muito tempo sentado sobre superfícies duras.
Mas afinal, por que isso acontece?
A origem do problema: Excesso de carga X capacidade de adaptação
Uma forma simplificada de entender a causa da tendinopatia é imaginar que você exigiu mais do seu tendão do que ele estava preparado para suportar. Em outras palavras: fez demais, rápido demais, sem a base necessária.

Exemplos clássicos incluem:
Introdução repentina de tiros (sprints) na rotina de treinos;
Corridas em morro ou ladeira sem progressão adequada;
Início de exercícios como avanços, stiff ou agachamentos profundos com muita carga;
Alongamentos intensos em posições de grande flexão de quadril (como alongar a perna com o tronco inclinado para frente);
Aumento abrupto no volume ou na intensidade do treino.
Esse aumento súbito de carga gera microlesões no tendão, e quando não há tempo suficiente para recuperação e adaptação, o processo se torna crônico, levando à dor persistente e à limitação funcional.
Como tratar a tendinopatia dos isquiotibiais?
A reabilitação gira em torno de dois pilares principais: controle de carga e fortalecimento progressivo. Vamos entender cada um:
1. Gerenciamento de carga e modificação de atividades
No início, é fundamental reduzir ou ajustar as atividades que provocam dor significativa. Isso não significa parar tudo, mas sim encontrar formas de continuar ativo sem agravar o quadro.
Isso pode incluir:
Reduzir o volume ou a frequência de corrida;
Evitar exercícios que provoquem dor aguda na região do tendão (como avanços profundos ou alongamentos excessivos);
Diminuir o tempo sentado, ou usar uma almofada para aliviar a pressão local;
Ajustar intensidade e amplitude de exercícios que sobrecarregam o tendão.
O objetivo é diminuir o estresse mecânico agudo para permitir que o tendão se recupere, sem parar totalmente os movimentos.
2. Fortalecimento progressivo e específico
O segundo passo (e talvez o mais importante) é iniciar exercícios de fortalecimento direcionado para o tendão dos isquiotibiais. A ideia é, aos poucos, expor o tendão a cargas crescentes para estimular sua recuperação, aumentar sua capacidade de suportar esforço e restaurar a função.
Esses exercícios devem:
Ser realizados com progressão gradual de carga;
Respeitar a tolerância à dor (uma leve dor durante o exercício é aceitável, mas ela deve regredir nas próximas 24 horas);
Incluir variações como: elevação de quadril com apoio dos calcanhares, stiff unilateral, ponte nórdica modificada, entre outros;
Evoluir para exercícios mais dinâmicos e específicos da sua atividade (como corridas, pliometria e sprints) conforme a melhora.

Seja paciente: a recuperação leva tempo
É muito importante ter em mente que a recuperação da tendinopatia proximal dos isquiotibiais não é rápida. Em muitos casos, são necessários de 3 a 6 meses ou mais para que o tendão recupere sua função e tolerância plena à carga.
Durante esse período, mantenha:
Consistência no plano de reabilitação;
Monitoramento dos sintomas ao longo do tempo;
Acompanhamento profissional, para ajustar progressões e respeitar os limites individuais.
Conclusão
A tendinopatia proximal dos isquiotibiais pode ser frustrante, especialmente para quem gosta de se manter ativo. Mas com um plano bem estruturado, paciência e progressão adequada, é absolutamente possível voltar às suas atividades favoritas com segurança e sem dor.
Lembre-se: o segredo está em respeitar o tempo do corpo, ajustar a carga de forma inteligente e confiar no processo de reabilitação. Seu tendão precisa de estímulo para se fortalecer — mas na dose certa e no momento certo.
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